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Morro de São Paulo: Mistérios, Lendas e Curiosidades

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Morro de São Paulo, uma ilha paradisíaca no litoral sul da Bahia, não só encanta seus visitantes com suas deslumbrantes paisagens naturais, mas também guarda uma rica história repleta de segredos e curiosidades. Neste artigo, convidamos você a desvendar alguns dos enigmas que envolvem este destino turístico único, desde intrigas sobre tumbas até avistamentos históricos, revelando segredos que irão fascinar até mesmo os viajantes mais experientes. Além disso, abordaremos alguns equívocos frequentes e concepções errôneas relacionados ao Morro de São Paulo, destacando que nem todas as narrativas difundidas correspondem à realidade. Prepare-se para descobrir a verdade por trás dessas histórias intrigantes!

Martim Afonso Nomeia a Ilha de Tinharé

Durante suas explorações, Martim Afonso de Sousa, o primeiro donatário da Capitania de São Vicente, avistou a região de Tinharé e mencionou a boca do rio de Tinharé, mas não atribuiu nome à ilha ou ao Morro de São Paulo.

Quinta-feira, vinte e quatro de março de 1531, não conseguimos enfrentar o mar, que estava muito agitado; e voltamos com bastante dificuldade; navegamos o dia todo com as velas recolhidas, em direção ao noroeste; e ao pôr do sol avistamos terra, e conhecemos a boca do rio de Tinharé ao sul. Quando anoiteceu, uma tempestade de leste nos atingiu tão repentinamente que, com o vento sudoeste soprando forte, a tempestade prevaleceu; se estivéssemos com as velas abertas, teríamos virado. – Diário da navegação de Pero Lopes de Sousa

O nome Morro de São Paulo veio posteriormente e não foi atribuído por Martim Afonso. Apesar de avistar a região, ele e sua tripulação, incluindo seu irmão Pero Lopes de Sousa, que escreveu o diário da expedição, não desembarcaram na ilha, ancorando próximo devido às condições adversas do mar. Além disso, uma tempestade os forçou a interromper a navegação ativa e permanecer ancorados em uma posição segura até que as condições meteorológicas permitissem a navegação novamente. No dia seguinte, continuaram sua viagem.

Por estarmos muito perto da terra, ancoramos em uma profundidade de vinte e uma braças de areia limpa: o mar estava tão agitado que constantemente atingia os castelos (as partes elevadas do navio). No quarto da madrugada, uma tempestade sobre a terra ao oeste nos manteve até pela manhã, quando conseguimos voltar à costa. Sexta-feira de manhã, partimos; o mar estava tão agitado que navegávamos com todas as velas abertas, e não conseguíamos avançar. – Diário da navegação de Pero Lopes de Sousa

É importante mencionar que o diário também relata a presença de outras embarcações e de um português que já habitava a Baía de Todos os Santos há 22 anos, indicando que essa região já era conhecida e habitada antes da chegada de Martim Afonso. Isso ressalta que a exploração de Martim Afonso e sua tripulação se deu em uma área já familiar a outros navegadores e habitantes da época.

A Arcada Dentária Oculta na Igreja

Morro de São Paulo: Desvendando seus Mistérios e Curiosidades
Morro de São Paulo: Explorando 6 Construções Históricas

Durante uma restauração, uma descoberta surpreendente veio à luz na Igreja Nossa Senhora da Luz: uma arcada dentária foi encontrada oculta nas entranhas da construção. Esta descoberta fascinante pode ser admirada através de uma pequena porta de vidro, localizada estrategicamente ao lado direito do altar, na primeira fileira de assentos. A presença dessa arcada dentária escondida adiciona uma camada adicional de mistério à história da ilha. Supõe-se que esse achado possa pertencer aos escravos cujo trabalho árduo contribuiu para a construção deste local sagrado.

O Jazigo Misterioso

Morro de Sao Paulo Desvendando seus Misterios e Curiosidades Cemiterio Isabel Rosas

No cemitério do Morro de São Paulo, um jazigo intriga os visitantes com uma peculiaridade desconcertante: o nome de Isabel Rosas foi gravado de cabeça para baixo. Segundo as lendas locais, essa inversão inexplicável pode ser atribuída a um suposto caso de infidelidade em seu relacionamento. Embora os detalhes permaneçam envoltos em mistério, a presença dessa inscrição invertida continua a desafiar explicações.

Marquesa de Santos em Morro de São Paulo

Morro de Sao Paulo Desvendando seus Misterios e Curiosidades Dom Pedro II
Morro de São Paulo desenhado por Dom Pedro II
Museu Imperial de Petrópolis

Contrariando as especulações populares, a presença da Marquesa de Santos em Morro de São Paulo é mais uma questão envolta em boatos do que um fato histórico comprovado. Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, foi amante de Dom Pedro I, pai de Dom Pedro II. No entanto, após o término de seu caso com Dom Pedro I, ela conheceu e casou o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar.

Quando Dom Pedro II visitou Morro de São Paulo em 5 de outubro de 1859, a Marquesa já era viúva e seu pai, Dom Pedro I, havia falecido há 25 anos, o que sugere uma improbabilidade de interação direta entre ela e o imperador. Sua comunicação com Dom Pedro II se dava principalmente por meio de procuradores, e não há registros de uma relação direta entre eles.

Marquesa de Santos e Dom Pedro II banho na Fonte Grande Lenda
Montagem de um blog local sobre a Marquesa de Santos com Dom Pedro II em um banho que nunca ocorreu.

Durante suas viagens, Teresa Cristina, esposa de Dom Pedro II, o acompanhava. Uma evidência disso é a correspondência entre a Condessa do Barral e a Imperatriz, datada em torno do mesmo período da visita da família real ao Morro de São Paulo. Essa carta confirma que a Imperatriz estava com o Imperador durante sua visita a ilha.

Carta da Condessa de Barral à Imperatriz, que acompanhava o Imperador em sua viagem.

6 de outubro de 1859.

Senhora,

Espero que Vossa Majestade não se ofenda com minha audácia em escrever-lhe e que me permita tranquilizá-la sobre o estado de saúde de Suas Altezas:

Suas Altezas estão bem, não têm apresentado tonturas, calafrios ou teimosias, e tem sido suficiente lembrá-las das recomendações de Mamãe para que mantenham a melhor harmonia entre elas. Os estudos estão progredindo regularmente, e em breve a Princesa D. Leopoldina deve começar seus banhos frios, para os quais já fez hoje a primeira fricção de água fria pelo corpo. As costas estão em boas condições. A Princesa D. Isabel queixou-se uma noite da garganta, mas foi algo passageiro, e ao melhorar desse desconforto, imediatamente teve uma piora nos lábios. As últimas palavras de Sua Majestade o Imperador ainda ressoam em meus ouvidos e só aumentam, se possível, minha dedicação às Princesas.

Fiquem Vossas Majestades certas de que farei tudo que estiver ao meu alcance para cumprir bem minha alta Missão.

Já disse a Sua Majestade o Imperador que lhe escrevo da cama, onde fui acometida por uma forte dor de garganta. Estou me recuperando, e coloco aos pés de Vossa Majestade as respeitosas homenagens de Meu Marido, as minhas e as do pequeno Dominique, que junto conosco beija a mão augusta de Vossa Majestade.

De Vossa Majestade
a humilde criada.


Condessa de Barral

O boato por trás da lenda:

Descobrimos que a Marquesa de Santos não esteve na ilha, o que nos leva a questionar: de onde surgiu essa lenda? Por muito tempo, especulou-se que a lenda teria se originado de uma matéria na revista Manchete, nos anos 80. No entanto, ao investigarmos a revista, apesar de encontrarmos a matéria em questão, não encontramos qualquer menção a essa suposta lenda.

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Revista Manchete Edição 1819 de 1987

Dom Pedro II e a Fonte Grande

Nos registros de seu diário, Dom Pedro II descreve minuciosamente sua experiência com a Fonte Grande do Morro de São Paulo. Ele faz menção à inscrição na fonte, que atribui sua construção ao Conde das Galveias, e oferece detalhes sobre a qualidade da água que foi oferecida. Apesar da turvação, ele a considerou aceitável, realçando a saúde local e a aparência dos habitantes da região. Contrariando uma crença popular equivocada, vale ressaltar que não há evidências de que Dom Pedro II tenha tomado banho na Fonte Grande durante sua curta visita.

Há uma fonte pública de três bicas com a seguinte inscrição: “O Ilmo. e Exmo. Sr. André de Mello e Castro, Conde das Galveias, vice-rei e capitão-general de mar e terra do governo do Brasil, mandou fazer esta fonte em 1743”. A água que me deram para beber era um pouco turva, mas dizem que é boa e, de fato, não achei o gosto ruim; é verdade que eu estava com muita sede e a localidade é considerada saudável, embora as pessoas não pareçam muito saudáveis pela aparência. – Dom Pedro II

Ainda relacionado à visita de Dom Pedro II ao Morro de São Paulo, pelos escritos no diário de viagem do imperador, nada indica que ele tenha dormido em terra firme, muito menos em alguma casa ou sobrado da vila. É bem provável que ele tenha passado a noite em sua suíte no navio, como era seu costume. No dia 6 de outubro de 1859, a comitiva imperial navegou até Salvador.

A Confusão entre as Praias

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Vista da Primeira Praia bloqueada pelas casas à beira-mar.

A confusão entre a Primeira Praia e a Segunda Praia ocorre muitas vezes devido ao fato de que, ao chegarem à Primeira Praia, os viajantes e turistas têm suas vistas bloqueadas pelas casas à beira-mar, levando-os a acreditar que a Segunda Praia, a primeira praia que avistam, é a Primeira Praia. Isso mostra como a primeira impressão pode nos enganar quando não temos todas as informações, destacando o valor de explorar ainda mais cada parte dessa ilha incrível.

Município de Cairu e o Arquipélago de Tinharé

É importante esclarecer que o Arquipélago de Tinharé faz parte do município de Cairu, e não o contrário, como muitas vezes é erroneamente afirmado, seja por reprodução frequente ou por motivações políticas. Essa distinção é confirmada por documentos oficiais e destaca a necessidade de consultar fontes confiáveis ao explorar a história e geografia da região. O Arquipélago de Tinharé, pertencente ao município de Cairu, é composto por 26 ilhas, sendo apenas três delas habitadas: Cairu, Boipeba e Tinharé.

O Único Município Arquipélago no Brasil

Embora Cairu seja frequentemente citado como o único município arquipélago do Brasil, essa afirmação não reflete completamente a diversidade geográfica do país. Existem outros exemplos de municípios que também são compostos por arquipélagos ou têm parte significativa de seu território formado por ilhas.

Um exemplo notável é Ilhabela, localizado no estado de São Paulo, que abrange várias ilhas e é conhecido por sua beleza natural e atrativos turísticos. Além disso, municípios como Paraty, no estado do Rio de Janeiro, e Angra dos Reis, também no Rio de Janeiro, possuem uma configuração semelhante, com diversas ilhas em seu território.

Considerações Finais

Morro de São Paulo continua a encantar seus visitantes com mistérios e segredos fascinantes. À medida que descobrimos as histórias por trás de seus pontos turísticos e eventos históricos, somos lembrados da riqueza cultural e natural que esta ilha única tem a oferecer. Que essas revelações inspirem uma viagem ainda mais profunda neste destino encantador, onde cada descoberta nos presenteia com uma nova camada de sua história e uma herança fascinante, esperando para ser explorada.

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